Destralhar coisas e Destralhar a Mente

Quando comecei a destralhar o meu quarto, ainda em casa dos meus pais, o meu único objectivo era tornar o espaço mais organizado e sereno. Queria reduzir a tralha, acabar com a desorganização e simplificar o meu dia-a-dia. Durante algum tempo a minha única preocupação era destralhar e limitar o número de objectos no meu quarto.

No entanto, passado algum tempo a destralhar tornou-se evidente que o quarto não era o único sítio que eu precisava de destralhar e, desde então, tenho tentado destralhar a mente

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Aquele que eu considero ser um dos meus maiores problemas é viver no passado ou no futuro e pouco no presente. Também te acontece o mesmo?

Por um lado, penso nas coisas que poderiam ter corrido de forma diferente se isto e se aquilo; por outro lado, preocupo-me com situações que poderão acontecer no futuro e, na maior parte das vezes, tenho uma vozinha dentro de mim que me diz que vão correr da pior forma possível. É como se eu tivesse Murphy, dentro da minha cabeça, a falar constantemente comigo!

Há dias comecei a ler O Poder do Agora de Eckhart Tolle. Já tinha ouvido falar muito sobre este livro mas só agora pareceu fazer sentido lê-lo. Até agora li apenas 50 páginas, já que gosto de ir fazendo pausas e reflectir sobre os assuntos, tal como o próprio autor aconselha, mas identifiquei-me com o autor logo nas primeiras linhas quando diz “Até aos meus trinta anos, vivi num estado de quase permanente ansiedade (…)” A cerca de meio ano de entrar na casa dos 30’s já há muitos que também me sinto assim, a viver num estado de permanente ansiedade… Quis imediatamente saber o que tinha mudado na vida dele, como tinha saído desta luta constante e continuei a ler. À medida que virava a página, mais compreendida me sentia!

Deixo-vos a história que Eckhart Tolle conta no primeiro capítulo, Tu não és a tua mente:

"Havia mais de trinta anos que um pedinte se sentava na berma de uma estrada. Um dia, passou por ali um estranho. “Alguma moedinha?” pedinchou o pobre, estendendo automaticamente o seu boné de basebol. “Não tenho nada para te dar”, disse-lhe o estranho, Depois perguntou: “O que é isso em que te sentas?” “Nada”, respondeu o pedinte. “Apenas uma caixa velha. Sento-me nela desde que me lembro.” “Algum dia viste o que tem dentro?” tornou o estranho. “Não”, respondeu o pobre. “De que me serviria? Não há nada lá dentro.” “Vê o que tem dentro”, insistiu o estranho. O pedinte conseguiu forçar a tampa. Com surpresa, incredulidade e exaltação, verificou que a caixa estava cheia de ouro."

Como moral da história, o autor refere que “Todos aquelas que não encontraram a sua verdadeira riqueza (…) são pedintes por maior fortuna material que possuam. Esses, para terem valor, segurança ou amor, procuram fora de si farrapos de prazer ou de realização pessoal, enquanto que dentro possuem um tesouro que, não só inclui todas aquelas coisas, mas é também infinitamente maior do que tudo o que o mundo tem para lhes oferecer.”

E não é precisamente isso que acontece quando acumulamos tralha? Procuramos encontrar nas coisas, nos bens materiais, algum conforto, segurança e até amor!

To-Do Lists: Sim ou Não?

Nestes últimos dias tenho dedicado o meu tempo de leitura ao tema das to-do lists (listas de afazeres). Tenho encontrado um pouco de tudo, os pontos positivos, os pontos negativos, testemunhos de quem não passa sem elas, testemunhos de quem as fazia diariamente mas que, mais tarde, decidiu pô-las de parte, testemunhos de quem nunca as fez e nem se imagina a fazê-las. Descobri ainda várias abordagens na construção e organização destas listas e até uma sugestão de done lists (listas de tarefas concluídas) ao invés das to-do lists. Por fim, encontrei também várias referências, sendo Getting Things Done de David Allen a mais notável. 

Para quem, como eu, ainda não segue qualquer exemplo dado, tanta informação torna-se confusa! Com tantas possibilidades, como encontrar a que melhor funciona?
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Eis o que concluí nas minhas leituras:
  • Relativamente a fazer, ou não, uma lista de tarefas, decidi fazê-las e ver como resultam. Pessoalmente, acho que as vantagens de as ter superam, largamente, os seus pontos negativos. O facto de ter um sítio único para apontar todas as tarefas a realizar e que me vão ocorrendo ao longo do dia é um alívio. Sou muito esquecida, muito cabeça-no-ar e pensar “tens de te lembrar disto” não resulta, é apenas um factor de stress. A partir do momento em que se passa um afazer, uma preocupação, para o papel, a mente fica mais leve.
  • Papel, pc ou telemóvel? A primeira experiência será em papel. Não foi uma decisão fácil. Tenho tentado livrar-me do papel, imprimo o indispensável, só compro uma revista quando os temas parecem-me realmente muito interessantes e pensar em gastar papel para me organizar não tem sido fácil. No entanto, tenho também evitado ecrãs (tv, portátil, etc.) então não quero ter um sistema que me obrigue a ligar o portátil de propósito!
  • Tamanho/suporte físico: Quanto a esta questão, encontrei de tudo um pouco! Grandes cadernos ou dossier com imensos separadores, listas para isto, listas para aquilo, cores para organizar temas, etc. Muita confusão para quem quer começar do início, como eu e quer apenas um método simples! Por enquanto, tenho apenas uma folha A4 dobrada em oito partes. Sete para os dias da semana e a oitava para a to-do list.
  • Tipo de apontamentos: estão organizados por agenda e to-do list. Não quero fazer a minha to-do list num espaço reservado ao registo diário porque quando temos algumas tarefas por fazer é impossível tratar de todas no mesmo dia. Se colocasse tarefas a mais iria sentir-me frustrada por nunca conseguir chegar ao fim da lista e por estar, constantemente, a adiá-las. Por isso, todas as tarefas ficam à parte, na to-do list. No registo diário ponho apenas notas desse dia em específico, sejam consultas, um aniversário, um encontro, etc. e as 3 MITs.

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E o que são as MITs?

As MITs são as tarefas mais importantes do dia (Most Important Tasks). São objectivos ou desafios simples que, uma vez cumpridos, aproximam-nos de um projecto pessoal ou profissional. Por exemplo, alguém que queira ficar em forma poderá definir fazer uma caminhada matinal como MIT.

As MITs são tarefas que devem ser feitas logo que possível para evitar a interferência de outros afazeres que possam aparecer, posteriormente, nesse dia (deambular pela internet antes de cumprir as MITs está completamente fora de questão!). 


Parece-me que, com algum tempo e algumas tentativas, todos acabam por conseguir descobrir a estratégia de organização com que mais se identificam e a que melhor funciona. Eu comecei agora a organizar-me com listas e tu? Tens por hábito fazer as to-do lists? Preferes a agenda, o telemóvel ou o portátil?

Pedido aos Leitores!

A partir de hoje encontra-se disponível um novo separador do blogue, Recomendações.

Neste momento, o separador Recomendações tem apenas dois títulos mas a lista irá crescer (e muito!). Quero também adicionar sites, blogues, vídeos, etc. por isso aceitam-se sugestões!


Contem-me quais são os vossos blogues e sites preferidos, que livros mais vos marcaram, quero saber tudinho!


Tive também outra ideia mas não sei se irá resultar, depende inteiramente de vós! Gostava imenso de tornar este blogue mais interactivo, adoro trocar ideias com quem me lê e, por isso, adorava receber e-mails vossos com fotos de espaços que estão organizados em vossas casas e por que razão acham que funcionam tão bem! Fotos de “antes” (espaços desorganizados e/ou cheios de tralha) e “depois” também seriam muito bem vindos! 

Alguém com coragem para partilhar uma foto ou duas aqui no blogue? Enviem-nas para o meu e-mail!

O Truque dos Objectivos Simples

 
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Sempre que sinto dificuldade em atingir um objectivo, em organizar-me, tenho recorrido ao livro Power of Less de Leo Babauta. Imagino o que ele diria se lhe apresentasse pessoalmente o meu problema, vou procurando ideias e sugestões que Babauta partilha e que mais se aplicam à situação actual e reorganizo as minhas ideias.

Acontece-me muitas vezes (e sei que não sou a única) sentir muita motivação e muita energia no início de um desafio, entregar-me por completo e, depois, atingir a exaustão passado pouco tempo. Afinal não é isso que acontece sempre que definimos uma lista de objectivos para o ano novo?

Aconteceu-me de novo. Mudei de casa, cheia de energia para limpá-la e organizá-la. As duas primeiras semanas foram dedicadas a isso mesmo, só restava tempo para comer e dormir. Não estava sempre a limpar ou a arrastar móveis mas todas as tarefas acabavam por se focar na nova casa. Quando ficava cansada das arrumações, dava uma volta e procurava os produtos que me faltavam. Cheguei a adormecer e a acordar no dia seguinte focada nas limpezas!
Claro que não aguentei este ritmo e acabei por fazer uma pausa. À medida que ia passando para a divisão seguinte, apercebi-me que não podia apenas fechar a porta das divisões já organizadas, também é preciso fazer a sua manutenção! Tinha-me tornado numa dona-de-casa à beira de um ataque de nervos!

Peguei no livro e, no capítulo 6, Start Small, encontrei respostas.

Este capítulo falava precisamente do entusiasmo que sentimos quando resolvemos mudar algo nas nossas vidas e como começamos sempre com grandes ambições.

Eu queria tratar de toda a casa em três semanas ou um mês mas caí no erro de definir um objectivo irrealista. 

[timsnell @ flickr]

Porque é então tão importante definirmos objectivos simples?

  • Torna-se mais fácil manter a energia e o entusiasmo durante mais tempo. Ao definirmos pequenos objectivos que consigamos sempre atingir, construímos a nossa confiança e entusiasmo que alimenta a nossa energia para os objectivos seguintes.
  • São fáceis. Devemos sempre promover o nosso sucesso e nunca definir objectivos que nos conduzam, com grande probabilidade, ao fracasso e a sentimentos de frustração.
  • Asseguram o nosso sucesso. O objectivo é tão simples que o sucesso está, praticamente, garantido. Claro que a satisfação em atingir um objectivo simples não é a mesma que atingir um objectivo maior mas, a longo prazo, pequenos sucessos, após pequenos sucessos, geram grandes conquistas!
  • São mais duradouros. Mudanças graduais são mais favoráveis à construção de hábitos e manutenção destes. Esta é uma das razões que explica por que uma pessoa depois de seguir uma dieta drástica, volta a ganhar o peso anterior: não houve tempo para criar novos hábitos alimentares, nem tão pouco de um estilo de vida saudável.


Também costumas cair neste erro? Definir grandes objectivos e desmotivares depressa?

Arrumação sob o Lava-Loiças

O armário que se encontra sob o lava-loiças é, regra geral, o mais caótico numa cozinha. Enquanto limpava e tornava a minha cozinha organizada, esse espaço foi completamente esquecido. Acabei com um espaço cheio de sacos de plástico com produtos e acessórios de limpeza e embalagens maiores misturadas com tudo isso.

Infelizmente não tirei nenhuma fotografia do “antes” mas encontrei vários exemplos pela blogosfera que se assemelham bastante à bagunça de há uns dias atrás..


Parece-vos familiar??


Uma das coisas que mais me irritava nesta desorganização era a sensação de desperdício de tempo que ocorria sempre que tinha de limpar qualquer coisa... Procurava num saco, depois noutro, depois precisava de outra coisa, voltava ao primeiro, enfim! Tanta confusão para retirar apenas um pano ou um detergente... Precisava de pôr um ponto final à desordem que estava a conquistar algum terreno.


Como eu organizei o armário sob o lava-loiças:
  1. Comecei por retirar tudo do armário e separei as coisas por categoria: panos, esfregões, produtos para a máquina de lavar loiça, produtos para limpar o chão, etc. 
  2. Depois disso, aproveitei algumas caixas de cereais para arranjar pequenos cestos onde queria manter as coisas organizadas por categoria já que arrumá-las em sacos de plástico dá um aspecto desarrumado.
  3. Arrumei tudo considerando sempre com que frequência utilizo cada produto.

Eis como ficou:



À esquerda ficaram os panos e esfregões, organizados nos cestos de cartão. Na caixa do lado direito, os detergentes que uso com alguma frequência, no canto direito os detergentes por abrir e à frente os detergentes que uso com mais frequência.


Manter os produtos organizados tem tido algumas vantagens:

  • É fácil perceber que produto falta e que produto está a acabar. Com isso fica mais fácil fazer a lista das compras, evitar comprar produtos desnecessários ou esgotar um produto de uso frequente.
  • Não se perde tempo à procura de um produto específico. Estão todos “à mão” e próximos do local onde são utilizados. O tempo gasto com tarefas domésticas diminui drasticamente.


E o teu armário sob o lava-loiças está arrumado?

Desafio 2: Arrumação da casa!

Olá!

Lembram-se do último post em que vos falei da nova abordagem que tinha posto em prática sobre atingir objectivos, um de cada vez? Há uns dias atrás fiquei a saber que tive 17 valores no exame da cadeira de Fisiologia! Depois do sucesso deste primeiro desafio, vou continuar a aplicar o método de Leo Babauta, sem dúvida!
Entretanto, mudei de casa! Estou a viver numa casa que foi alugada durante alguns anos a diversas pessoas. A casa ficou num caco e, depois das obras, ficou muita coisa por limpar e organizar, pelo que este tem sido o meu objectivo desde então e, possivelmente, o meu objectivo durante todo o mês de Agosto.

Continuo com o computador desligado durante a maior parte do dia, assim como a televisão. De manhã trato da casa e à tarde faço as compras ou passeio um pouco para desanuviar!
Em casa, dedico-me a uma divisão de cada vez até que fique suficientemente apresentável. Depois hei-de voltar ao início para melhorar mas, agora, a preocupação principal é tornar a casa um pouco mais além do habitável.
Já tratei de uma casa-de-banho, da cozinha, despensa e armário do corredor. Agora estou a terminar a casa-de-banho maior e, de seguida, rumo ao quarto principal.

Quero partilhar convosco algumas ideias de organização que têm resultado muito bem. Recordo que, há um ano atrás, era uma autêntica caótica em reabilitação e estas pequenas conquistas têm representado grandes evoluções para mim! Preciso de ler, ver vídeos e ouvir pessoas a falar sobre arrumações para perceber como tudo funciona, o que resulta e o que não resulta, tal como se estivesse a aprender uma nova língua!
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Deixo-vos aqui duas sugestões para a arrumação da cozinha que têm resultado muito bem!

Relativamente à arrumação dos tachos, panelas e frigideiras, sabia que não os queria empilhados porque isso implica pegar num conjunto enorme quando se quer retirar apenas uma. Procurei uma solução mais prática e encontrei umas prateleiras duplas que permitem aproveitar o espaço de cada móvel e, ao mesmo tempo, puxar para fora apenas o tacho, panela ou frigideira que se pretende.



Outra coisa que me aborrecia eram os sacos da reciclagem. Deixar de a fazer estava completamente fora de questão mas ter os sacos espalhados ou mesmo num canto da cozinha também não me estava a agradar. Criei um espaço de reciclagem e, para isso, comprei dois caixotes brancos de tamanho médio para a reciclagem do plástico e do papel e um caixote mais pequeno, que dividi em três partes com cartão das caixas de cereais, para a reciclagem do vidro e farmácia. O terceiro espaço ainda está por preencher!


Quais são os vossos truques de arrumação na cozinha??
Contem-me tudo!