Como
já vos tinha contado acerca de fobias, já ultrapassei a fobia que tinha
de balões e a que tinha de seringas.
Ultrapassei
estas duas fobias por exposição ao próprio
elemento em causa. No entanto, a abordagem foi diferente.
[de Kun-Kun] |
No
caso dos balões, comprei um saco deles e comecei por enchê-los sozinha.
Nas primeiras vezes não chegava a encher sequer metade com medo que
rebentassem. Outras vezes, pedia que os enchessem por mim para poder
agarrar neles. Comecei apenas por me habituar a agarrar num balão cheio e
mais tarde a brincar com ele. Ainda hoje me custa a enchê-lo até que
fique grande e prefiro passar a tarefa a outra pessoa mas já não mudo de
passeio se vejo uma criança a brincar com um balão e se o balão vier
ter comigo não há qualquer problema, volto a entregá-lo à criança sem
medo. Por isso considero que o problema foi ultrapassado.
No
caso das seringas, por ser um material que tive de utilizar nas aulas
de laboratório, a exposição às mesmas foi bastante diferente. Não pude
optar por uma exposição progressiva. Lembro-me, como se fosse ontem, o
momento em que me apercebi, enquanto lia o protocolo em casa que, no dia seguinte, iria ter de
utilizar seringas. Senti náuseas e fiquei em pânico. Telefonei ao meu
namorado e disse-lhe que não ia conseguir. Ele acalmou-me, explicou-me que
existiam poucas seringas e que nem todos precisávamos de manuseá-las.
Mas, mais uma vez, comprovou-se a Lei de Murphy, e a seringa veio direita a
mim. Eu não dei parte fraca mas enquanto agarrava nela, sentia o chão a
flutuar por debaixo dos meus pés, o meu coração a bater a mil e não conseguir respirar. Foi apenas um momento mas parecia ter durado uma
eternidade! Mas sobrevivi, nem desmaiei sequer. A partir daí fiz sempre
questão de manuseá-las quando surgia uma oportunidade e, agora, quando
pego nelas, sinto-me calma e orgulhosa por ter ultrapassado esse medo! Não sei se o terei
ultrapassado por completo já que evito as análises ao
sangue (das duas últimas vezes desmaiei e vomitei...). Mas eu prefiro
pensar que sim e que são duas questões distintas.
A
fobia que ultimamente tenho tentado ultrapassar é a de conduzir sobre
pontes. No início, atravessar uma ponte, fosse a conduzir ou não, era
insuportável. Se ia de viagem e sabia que tinha de atravessar
determinada ponte, enquanto não chegasse à mesma, sentia-me toda a
tremer e com o coração a bater a mil. Por vezes, nem dormia na noite
anterior! Na travessia já sabia que o pânico era certo...
Agora já conduzo sobre a maior parte das pontes.
Neste
caso, a estratégia adoptada foi diferente porque a simples ideia de
atravessar uma ponte transtornava-me. Comecei por ver imagens de pontes
ocasionalmente e por poucos segundos! Depois fui aumentando o tempo de
exposição e, mais tarde, coloquei a Ponte 25 de Abril como ambiente
de trabalho no meu computador.
Vocês nem imaginam como eu me sentia mal
sempre que ligava o computador ou ia ao ambiente de trabalho. Apesar de
estar em casa, num local que me é neutro, o meu coração acelerava assim
que eu via a imagem! Ainda demorei algum tempo até deixar de me sentir
ansiosa quando via a ponte... mas aos poucos, fui-me habituando.
Passados alguns meses, voltei a atravessá-la enquanto praticava uma
respiração profunda, que aprendi na yoga (não ia a conduzir) e, pela
primeira vez, depois de uns 10 anos, atravessei-a em paz! Fiquei tão
contente e senti-me tão leve que as lágrimas caiam-me pelos olhos.
Ainda
não conduzi nesta ponte, provavelmente por terem sido tantos
anos a atravessá-la em pânico, mas sei que parte do problema já está
resolvido.
Já
me disseram que sou capaz e que é mais fácil do que imagino, uma vez
que atravesso a Ponte Isidro dos Reis (Golegã) de 756 metros de
extensão, metálica tal como a Ponte 25 de Abril e que, para além disso,
em determinadas posições do sol, provoca um efeito visual bastante
cansativo.
Também atravesso a Ponte de Vila Franca de Xira (1224m), que
tem uma maior extensão do que o vão principal da Ponte 25 de Abril
(1013m). Portanto tudo leva a crer que consiga conduzir sobre a Ponte 25
de Abril sem problemas... só falta acreditar nisso e fazê-lo!
O mais importante a reter aqui é o papel indispensável da imagem na dessensibilização e que a fobia pode ser ultrapassada em pequenos passos. Há quem defenda uma exposição imediata ao objecto, ou situação, durante um intervalo de tempo suficientemente grande para que haja um ataque de pânico e depois a verificação de que nada do que foi terrivelmente imaginado acontece de facto. Eu acho esta abordagem algo violenta e enquanto a exposição progressiva resultar comigo, vou mantê-la para ultrapassar as minhas fobias...
O mais importante a reter aqui é o papel indispensável da imagem na dessensibilização e que a fobia pode ser ultrapassada em pequenos passos. Há quem defenda uma exposição imediata ao objecto, ou situação, durante um intervalo de tempo suficientemente grande para que haja um ataque de pânico e depois a verificação de que nada do que foi terrivelmente imaginado acontece de facto. Eu acho esta abordagem algo violenta e enquanto a exposição progressiva resultar comigo, vou mantê-la para ultrapassar as minhas fobias...
Parabéns, Sara :) Eu tenho um problema parecido. Não chego a entrar em pânico mas desde que visitei o Paço dos Duques em Guimarães no 9º ano fiquei com medo de sítios com tectos muito altos e escuros. Ridículo... pois, mas o certo é que me limita. Como é que uma apaixonada por arte sacra lida com isto? Da mesma forma que sugeres. O meu marido sabe e entra comigo de mão dada e descreve-me o local antes de eu olhar para cima. E assim consegui visitar a Notre Dame de Paris. Ainda me mete impressão mas já não fico à porta.
ResponderEliminarSandra, que bom teres ao teu lado uma pessoa que é sensível para o assunto. É sempre mais fácil ultrapassar estas questões com a ajuda de alguém. Há poucos dias visitei sítios que pensava já não conseguir como subir a torres realmente altas de alguns castelos sem sequer haver sitio onde me segurar e descer a cisternas com alguma profundidade, descendo por escadas bem apertadas. Isto só foi possível porque tinha uma pessoa ao meu lado bastante compreensiva e que me deu tempo e alguma ajuda para fazer as coisas a meu tempo! Aos poucos, vamos conseguindo :)
EliminarEu ando com fobia ao dentista, a medicos, e tudo o que englobe perder o controle sobre mim. Tudo começou com a morte do meu pai vai fazer 4 anos, ataques de panico, sitios fechados, a morte, o saber que ele morreu tao cedo e de uma forma muito rapida e estupida fez-me ter medo de tudo. Transpiro, o coraçao acelera, e ja me mentalizei que tenho ataques de panico, ate aceitar isso foi complicado!
ResponderEliminarNeste momento queria mesmo era perder a fobia à morte... ate sonho com isso!!
Lamento imenso a tua perda Andreia! Se não te importares que te pergunte... como perdeste o teu pai?
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